domingo, 27 de março de 2011

L'Enfance

"A infância é um outro: aquilo que, sempre além de qualquer tentativa de captura, inquieta a segurança de nossos saberes, questiona o poder de nossas práticas e abre um vazio em que se abisma o edifício bem construído de nossas instituições de acolhimento. Pensar da infância como um outro é, justamente, pensar essa inquietação, esse questionamento e esse vazio ...

...Quando uma criança nasce, um outro aparece entre nós. E é um outro porque é sempre algo diferente da materialização de um projeto, da satisfação de uma necessidade, do cumprimento de um desejo, do complemento de uma carência ou do reaparecimento de uma perda. É um outro enquanto outro, não a partir daquilo que nós colocamos nela. É um outro porque sempre é outra coisa diferente do que podemos antecipar, porque sempre está além do que sabemos, ou do que queremos ou do que esperamos. Desse ponto de vista, uma criança é algo absolutamente novo que dissolve a solidez do nosso mundo e que suspende a certeza que nós temos de nós próprios."


Larrosa, Jorge – Pedagogia Profana, Autêntica Editora, Belo Horizonte, 2006

Desesperadamente louca... louca com as palavras

Se pesquisar é buscar o que ainda não conhecemos a escrita acompanha os caminhos, descaminhos desta busca, da construção às vezes em terrenos inseguros. Nas palavras de Rosa Montero: “A construção da própria obra é um esforço constante para escrever na fronteira do que você na sabe ” (2004, pg 119)
Escrever na fronteira, no limite é como caminhar em um terreno embarrado, empoçado. Em alguns momentos encontramos pedras firmes e seguras, mas logo as pedras ficam escassas. Não outra solução, senão deixar-se sujar pelo barro e pela certeza da ignorância, do não saber.
De certa forma, escrever exige algo a mais do que conhecimento, exige uma certa dose de humor criativo. O que fazer quando não há mais pedras por perto? Quando a lama já lhe chega aos joelhos? Dou-me conta que não sei... ainda não!
Nessas horas é que a lama gelada, o vazio de idéias pode servir como provocador. Os olhos do gato que brilham no escuro, piscam... pode ser interessante olhar para baixo, para suas roupas imundas e perceber as suas perguntas, suas dúvidas... O que mesmo lhe angustia? O que mesmo lhe faz querer ser pesquisador?
Logo algumas pedras aparecem, leio, busco, penso. Minha cabeça dói. Outras pedras vão surgindo. Leio, risco, rabisco enquanto me sinto uma criança fazendo garatujas, em busca de formas e sentidos. Depois é preciso voltar, sair, respirar. Tomo um copo de água tão gelada que possa me dar certeza que estou viva, que não sou só as letras que escrevo. O que escrevo é invenção, é construção, minha.

Referência Bibliográfica:
MONTERO, Rosa. A louca da casa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.


quarta-feira, 9 de março de 2011

Belezas...



Pela beleza de saber viver, sorrir, brincar e amar...
Pela beleza de uma amizade que deixa o caminho mais colorido e que ajuda a ver o mundo de um modo diferente...
Pela beleza de uma infância que também não sai de ti...
Por todas as tuas belezas, que nem podem ser enumeradas...
Os pesadelos são tão pequenos que podemos rir na manhã seguinte.
Pelas belezas que carregas em ti...
A Felicidade é insuportável e infinitável!

Porque percebi que nossas diferenças nos aproximam ...

"No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais.
Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer"

(Velha roupa colorida- Belchior)